A Árvore da Vida e a Água da Vida

28/06/2015 12:51
 
 
 
 
 
 
 

    No xamanismo a árvore cósmica assume uma função especialmente importante para se chegar ao êxtase. Os sete cortes ou degraus na árvore simbolizam as sete iniciações pelas quais o homem precisa passar para atravessar as trevas e atingir a luz.

    Na alquimia encontramos a árvore planetária, a ‘arbor philosophica’. Ela simboliza todo o processo alquímico, desde a matéria primordial até a última matéria, a matéria espiritualizada, a existência realizada. Textos de alquimistas antigos ligam a matéria primordial à ‘aqua permanens’ (água da vida eterna - ou da eterna juventude) e a árvore filosófica, com seus inúmeros galhos, à pedra filosofal, o ‘lapis philosophorum’, representando a transformação do pequeno eu.

    Uma árvore cósmica pode, ao mesmo tempo, ter a função de uma árvore da vida, como se pode ler nos mitos. Nessa função ela simboliza as numerosas forças que são a origem da vida universal. Essa árvore da vida expressa a imortalidade da vida e está ligada aos símbolos da água da vida, a fonte da eterna juventude, o rio da vida eterna, o mel e o leite, o óleo e o vinho e, mais em especial, à grande deusa-mãe.

    Também aqui o ciclo da vida se torna claro, a inseparabilidade da matéria e do espírito, graças à qual a vida (árvore) surge em sua imortalidade. A grande deusa-mãe simboliza a energia feminina e divina (terra e água), dando vida pelo útero divino à vida gerada pelo espírito divino.

    Nos Vedas e no Avesta fala-se repetidamente sobre o soma e o ‘haoma’ como a seiva imortal que nutre a vida, a árvore da vida.

    No Gênesis fala-se também sobre uma árvore da vida que estaria relacionada com a água da vida eterna. Quando os primeiros seres humanos comem dessa árvore eles se tornam imortais e felizes. A maneira de se chegar à plena realização da vida (o paraíso) se revela no simbolismo dos sete dias como antecipação da plenitude, o pleroma alcançado quando a matéria - dentro ou fora do homem - se transforma em espírito. São os sete estados da consciência, expressos na escada de Jacó, a escada de Mithra, ou a descida de Ishtar ao mundo subterrâneo através da escada de sete degraus.

    Na cabala da árvore da vida nos é explicado, pelas palavras místicas, como os segredos da prescrição criador-criatura estão misturados com o conceito inexpressável ‘En-Sof’, somente aproximável em conceitos de Luz e Água. No sagrado Alcorão fala-se da árvore-de-lótus-da-fonte, onde começam os quatro rios, crescendo na divisa entre as sete esferas celestiais, perto da porta do paraíso. Nas antigas gravuras egípcias vemos constantemente o sicômoro ou a figueira associados à água da vida. 

 

    Na imagem da árvore da vida, tão ligada à mitologia do paraíso, se revela o desejo mais profundo do ser humano, o desejo de viver em felicidade e harmonia eternas. Projetada, a árvore contém, como arquétipo universal, a informação mais impressionante sobre o nascimento, o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da vida.

    Outro símbolo universal ligado à árvore da vida e à água da vida é o da grande deusa-mãe. Ela é mãe dos deuses, a grande mãe, o arquétipo da Terra com suas forças fecundas e regenerativas. No mundo inteiro encontramos a figura da deusa-mãe.

    A Terra é maternal porque dá à luz toda a vida, fecundada pelo espírito masculino. A deusa-mãe é esposa do deus celestial porque é através dela que se revela o corpo divino, o templo cósmico. É através dela que Deus se manifesta. 
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